Monday, July 20, 2009

comme l'amour

La poésie se fait dans un lit comme l’amour
Ses draps défaits sont l’aurore des choses
La poésie se fait dans les bois

Elle a l’espace qu’il lui faut
Pas celui-ci mais l’autre que conditionnent

L’oeil du milan
La rosée sur une prêle
Le souvenir d’une bouteille de Traminer embuée sur un
plateau
d’argent
Une haute verge de tourmaline sur la mer
Et la route de l’aventure mentale
Qui monte à pic
Une halte elle s’embroussaille aussitôt

Cela ne se crie pas sur les toits
Il est inconvenant de laisser la porte ouverte
Ou d’appeler des témoins

Les bancs de poisson les haies de mésanges
Les rails à l’entrée d’une grande gare
Les reflets des deux rives
Les sillons dans le pain
Les bulles du ruisseau
Les jours du calendrier
Le millepertuis

L’acte d’amour et l’acte de poésie
Sont incompatibles
Avec la lecture du journal à haute voix

Le sens du rayon de soleil
La lueur bleue qui relie les coups de hache du bûcheron
Le fil du cerf-volant en forme de coeur ou de nasse
Le battement en mesure de la queue des castors
La diligence de l’éclair
Le jet des dragées du haut des vieilles marches
L’avalanche

La chambre aux prestiges
Non messieurs ce n’est pas la huitième Chambre
Ni les vapeurs de la chambrée un dimanche soir

Les figures de danse exécutées en transparence au-dessus
des mares
La délimitation contre un mur d’un corps de femme au
lancer de
poignards
Les volutes claires de la fumée
Les boucles de tes cheveux
La courbe de l’éponge des Philippines
Les lacets du serpent corail
L’entrée du lierre dans les ruines
Elle a tout le temps devant elle

L’étreinte poétique comme l’étreinte de chair
Tant qu’elle dure
Défend toute échappée sur la misère du monde.

André Breton, Poèmes, 1948


È bello scrivere perché riunisce le due gioie:

parlare da solo e parlare a una folla.

Cesare Pavese
Il Mestiere di Scrivere
4 de Maio de 1949

Friday, July 17, 2009

40 anos sem Coltrane...

Cinepoema


Martin Parr
Copacabana
1996



O preto no branco
Manuel Bandeira


O preto no banco
A branca na areia
O preto no banco
A branca na areia
Silêncio na praia
De Copacabana.

A branca no branco
Dos olhos do preto
O preto no banco
A branca no preto
Negror absoluto
Sobre um mar de leite.

A branca de bruços
O preto pungente
O mar em soluços
A espuma inocente
Canícula branca
Pretidão ardente.

A onda se alteia
Na verde laguna
A branca se enfuna
Se afunda na areia
O colo é uma duna
Que o sol incendeia.

O preto no branco
Da espuma da onda
A branca de flanco
Brancura redonda
O preto no banco
A gaivota ronda.

O negro tomado
Da linha do asfalto
O espaço imantado:
De súbito um salto
E um grito na praia
De Copacabana.

Pantera de fogo
Pretidão ardente
Onda que se quebra
Violentamente
O sol como um dardo
Vento de repente.

E a onda desmaia
A espuma espadana
A areia ventada
De Copacabana
Claro-escuro rápido
Sombra fulgurante.

Luminoso dardo
O sol rompe a nuvem
Refluxo tardo
Restos de amarugem
Sangue pela praia
De Copacabana...

Vinicius de Moraes

Thursday, July 16, 2009

Se não é um dos muitos fuzilados das Espanhas,
Renascido de uma vala comum,
Será um Ulisses que não achou regresso,
Ou não quis achá-lo, preferindo
O cálice capitoso da viagem.
Fala muitos demóticos, mas na torrente
Apenas se percebe um fragmento
Decerto legado pelos deuses – «tontería».
Ei-lo agora à porta
De supermercados incompreensíveis:
Sorri e bebe à saúde de toda a gente,
Uma cortesia que o torna suspeito, indesejável.
De Inverno, raramente dorme
Para prosseguir a sua viagem;
Não quer sonhos, que acabam sempre
Nos baixios de qualquer manhã,
Nem se quer perder do mar
Que o embala durante todo o Verão
Numa ressaca de constelações.

Nuno Morais, Últimos Poemas

ÚLTIMOS POEMAS, DE NUNO MORAIS

A arte da tristeza e da atenção

António Guerreiro
Expresso, 9 de Julho de 2009

Um livro de poesia trabalhado e amadurecido como uma 'obra' singular e acabada.

Este é um livro póstumo. Por uma nota biográfica incluída na badana e também pelo prefácio de Joana Matos Frias, ficamos a saber que Nuno Rocha Morais nasceu no Porto em 1973, foi jornalista do "Comércio do Porto", depois de ter terminado o curso de Línguas e Literaturas Modernas, e de 1999 até à data da sua morte - 8 de Junho de 2008 - foi tradutor da Comissão Europeia, no Luxemburgo. Esse prefácio crítico e introdutório dá-nos também a informação de que o autor deixou o livro organizado e de que o título - "Últimos Poemas" - é aquele com que, desde os 20 anos, tinha decidido inaugurar o seu percurso de poeta. Mas essa inauguração em livro foi diferida, e até agora só alguns poemas tinham sido publicados em revistas.

Os cerca de cem poemas que constituem este livro valem como uma 'obra', sem nada de avulso, sem concessões generosas ou piedosas que as circunstâncias poderiam propiciar - uma 'obra' que irrompe com força na cena da poesia portuguesa actual e com a qual temos de contar.

A característica principal desta poesia consiste em manter vivo, em vários planos, um estado de tensão que lhe dita a complexidade e a torna refractária a classificações disponíveis. Antes de mais, a tensão formal entre a regra classicizante do equilíbrio e da harmonia e o imperativo moderno da liberdade e do desregramento. Veja-se, por exemplo, como este poema (pág. 127) entra nas regiões do sinistro e do irrepresentável sem abandonar, no entanto, a solidez formal, o rigor expressivo e o modo sóbrio: "Pequeno, quase caseiro, o campo./ Em torno, maciços, os Vosges./ Os meus passos afundam-se/ Na terra húmida e mole./ Vindas de todo o lado/ No vento que o arame esgarça,/ Uivam as alcateias do terror./ E por todo o lado irrompe o vento,/ Osso furando a pele/ Deste espaço quieto e gelado,/ Desta memória com olhos/ Maiores do que o rosto."

Tensão importante é também aquela que deriva da relação que os poemas estabelecem com as suas mediações literárias. Esta é uma poesia culta, e o diálogo com outros poetas é muitas vezes explicitado. Porém, essas referências são incorporadas como matéria que o texto elabora sem o hiato da mediação. Excepção a esta regra é um texto em prosa intitulado "Um Método", designado como um "exercício pongiano" (pág. 71). Mas mesmo aqui temos uma declinação completamente idiomática da escrita de Francis Ponge. Nuno Rocha Morais não chega ao ponto de reescrever, para uso próprio e à maneira de uma arte poética explícita, o "My Creative Method" pongiano (a Ponge, ele vai buscar uma qualidade: a exactidão), mas a questão do método não lhe é de modo nenhum indiferente. Podemos, aliás, dizer que essa questão é responsável por uma outra tensão: aquela entre as emoções e a contemplação intelectual, entre a relação com o mundo e os outros, que é da ordem das afecções e que é determinada por uma atitude analítica.

Estes são os dois pólos que dinamizam a poesia deste autor e que fazem com que a sua poesia se erga num intervalo entre a ponderação reflexiva e as forças emotivas obscuras: "Vou por vielas sombrias,/ Só pensamento e passos,/ Com os olhos afundados em espiral./ Que operações do espírito/ Se entregam a estes passos?/ Vou pelas espirais sombrias/ Daqueles que não têm amor,/ Vielas sombrias como perguntas sem resposta,/ Entranhando-se numa cidade animal,/ De desejos mal iluminados" (pág. 53). E eis-nos chegados a outro ponto, também ele um campo de tensões: entre a harmonia austera de uma poesia que nomeia a presença com uma exactidão própria da fórmula e a atitude discretamente elegíaca que nasce de um lamento, de uma perda, de uma impossibilidade de proferir os nomes divinos capazes de dominar o mundo.

Tomai lá do O'Neill

Auto-retrato

O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...


Alexandre O'Neill

Wednesday, July 15, 2009

OS LOUCOS

Há vários tipos de louco.

O hitleriano, que barafusta.
O solícito, que dirige o trânsito.
O maníaco fala-só.

O idiota que se baba,
explicado pelo psiquiatra gago.
O legatário de outros,
o que nos governa.

O depressivo que salva
o mundo. Aqueles que o destroem.

E há sempre um
(o mais intratável) que não desiste
e escreve versos.

Não gosto destes loucos.
(Torturados pela escuridão, pela morte?)
Gosto desta velha senhora
que ri, manso, pela rua, de felicidade.

António Osório


Dennis Stock
Iowa, 1969

Dia de Drummond

A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade



A meus filhos desejo
a curva do horizonte.

António Osório


Miguel Rio Branco
Jangadeiros
Bahia, 1981

Sunday, July 12, 2009

Wednesday, July 8, 2009

5 na tela, 5 na sala...












Nina Simone - Wild is the Wind
Found at skreemr.com


THE END

Monday, July 6, 2009

ÚLTIMOS POEMAS, DE NUNO MORAIS

Um real que seja fabuloso
Pedro Mexia
Ípsilon, 3 de Julho de 2009

Notável estreia póstuma de um poeta com uma estética, um pensamento e uma poética

Que uma primeira colectânea de poemas se chame "últimos poemas" parece uma ironia. Aqui, é uma ironia trágica. Nuno Rocha Morais, que foi jornalista e tradutor, morreu o ano passado, aos 34 anos, deixando um punhado de poemas publicados em revistas e bastantes inéditos, entre os quais os aqui coligidos.

É quase inevitável pensarmos em Daniel Faria, que morreu aos 28 e também deixou uma obra vasta e de alta qualidade. É aliás possível que a recepção destes "Últimos Poemas" seja de algum modo perturbada, digamos assim, pelo facto de serem últimos, pela sua condição de surpresa e despedida. Isso não impede que se diga, com alguma certeza, que "Últimos Poemas" é um dos mais belos livros da poesia portuguesa recente.

Dois elementos chamam imediatamente a atenção. Um é o "culturalismo", que aqui se desdobra em alusões, citações ou homenagens a Elizabeth Bishop, Zbigniew Herbert, Kavafis, Ponge, Apollinaire, ou a esse olímpico Goethe que achava escritores como Kleist simples "fedelhos". O culturalismo não é de todo novidade na poesia portuguesa, mas estes diálogos culturais não são solenes e entediantes, nem casuais e aleatórios; há uma lógica e uma unidade em cada poeta invocado, uma variedade nos versos e no tom dos versos que indicia uma aprendizagem poética longamente cultivada.

O segundo elemento manifesta-se no início dos versos assinalado com maiúscula, o que pode supor um certo classicismo. É um engano. Esta poesia nunca tenta efeitos de modernidade espúria e fácil, mas também não é exactamente clássica. É mais justo dizer que ela cultiva um certo acabamento, um não-espontaneísmo, aquilo a que Joana Matos Frias, no prefácio, chama uma impessoalidade que não é um fingimento. Há um Ulisses que regressa a casa e não é reconhecido por ninguém, há um Cristo que procura o "amor que o poupasse ao sacrifício", há guelfos e gibelinos, há uma recorrência de palavras raras (prófugo, mavórcio), mas tudo isso aparece tão naturalmente como a realidade mais imediata e comezinha.

A mais frequente dessas aparições tem a ver com a experiência de viver no estrangeiro (Nuno Rocha Morais trabalhava para a Comissão Europeia). Em terreno desconhecido, ou só conhecido pelas rotinas diárias, o poeta observa personagens, a sua estranheza ou banalidade, o seu mistério de "seres lacunares". Muitas vezes, a paisagem é de desolação: "Os esqueletos de metal dos guindastes, / Como mastodontes num museu de história natural; / É preciso ver cruzar, na distância, / As luzes penadas, desencarnadas, de um comboio, / Ver as chispas torturadas que as suas rodas / Arrancam aos carris; / É preciso sentir a respiração ofegante, / Moribunda, das árvores sob a primeira neve, / Farejando o fim em curso, que as retomará, / Mudado já em princípio iminente" (pág. 99). Mas o exílio e a desolação são atenuados por episódios eróticos, vividos ou imaginados, sempre algo felizes e algo melancólicos. É o caso do poema sobre as raparigas estónias: "Aprendem a exprimir sentimentos em francês / Servidos por um escanção, / Mas gostam de dizer que não têm alma, / Nunca tiveram - proibida durante décadas, / Acabou por definhar, desistir / Destes corpos altos, esguios, / Produto de qualquer pacto com o diabo. / Embora tão bálticas, não são por isso menos gregas; / Cépticas, custa-lhes a crer que o sol italiano / Seja tão incondicional na sua graça, / Que o céu possa ser tão sem censura" (pág. 39).

O exílio é uma figuração de um tema central destes poemas, que avançam sem cronologia, com núcleos temáticos tendenciais. Esse tema é a separação. A separação do casal, desde logo, a mão que de repente já não está no ombro: "Foi assim que partiste, a meio do meu nome, / Com o meu nome partido ao meio, / De que só me ficou o oco / E é de dentro dele que uma voz escura se derrama, / Incrédula e com medo, incrédula e com medo. / À volta, tudo continua, a grande montra do mundo, / O comércio de vivos e mortos, / A respirar dióxidos e monóxidos / Da ilusão de que a vida continua" (págs. 88-89). Mas também a separação radical da morte, fortíssima nos poemas familiares que evocam uma infância paradisíaca soterrada pela morte de uma avó. É isso que nos leva às incontáveis referências fúnebres, "o baque com o que terra nos recebe", versos que lidos agora parecem de mau agoiro.

Perante a morte, é preciso evitar uma tentação: a "tentação de corrigir a vida". Somos o que somos, e depois desaparecemos. Mas ainda assim levamos daqui uma espécie de ética triste: " (...) tentar o bem nosso / Pelo bem dos outros / Já não é sequer o mal menor, / Cansados de mais, brutos de mais, / Nós mesmos de mais, / Sempre morais numa impossível / E exaltada falta de paciência, / Numa pressurosa falta de ternura, / Nós sempre tão corredios, / Sárdonicos até nos estertores" (pág. 24). Há em Nuno Rocha Morais uma estética, um pensamento e uma poética. Quando ele escreve que a "única fantasia" é "Supor a existência de um real / Que não seja fabuloso" diz-nos quase tudo, mas deixa uma ambiguidade essencial: "fantasia", em linguagem poética, é o oposto de "fantasia" em linguagem comum.

Prémio Lemniscata

No passado dia 22 de Junho, o Jorge do blog BabeldoJorge teve a simpatia de distinguir a Dobra dos Olhos com o Prémio Lemniscata. O prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos leitores. Tem ainda a beleza de se inspirar na designação da curva geométrica com a forma semelhante à de um 8, graficamente muito próxima do 8 deitado que simboliza o infinito. Na sua origem etimológica, «lemniscato» significa «ornado de fitas», e refere-se à fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores.

De acordo com o regulamento do Prémio, a Dobra passa então a nomear os 7 blogs que, no seu entender, merecem também uma fita desta coroa [ordenados alfabeticamente] :


valter hugo mãe & mr. esgar, por casadeosso
Eduardo Pitta & João Paulo Sousa, por Da Literatura
Tiago Sousa Garcia, por Livros [s]em Critério
Francisco Saraiva Fino, por Lusios
Patrícia Lino, por Projecto Clarice
Social Disco Club, por Social Disco Club
Anónimo [NLF], por Unified Deep Rhythms