Friday, October 31, 2008

Piquenas Esculturas

Busco a beleza na forma;
E jamais
Na beleza da intenção
A beleza que perdura.

Só porque o bronze é de boa qualidade
Não se deve
Consagrar uma escultura.

António Botto

Wednesday, October 29, 2008

Dois no Choro



Chico Buarque e Tom Jobim interpretam «Choro Bandido» (comp. Edu Lobo)

Dois na Bossa

Tuesday, October 28, 2008

Percamos palavras como folhas
perdem no outono as árvores.

Ruy Belo, «Advento do anjo»
Aquele Grande Rio Eufrates

Papillon

the most highly coveted of ornamental plants

la séduction, la sensualité, la beauté suprême
delicate, exotic and graceful
symbole de passion et de folie
represents love, luxury, beauty and strength
ferveur amoureuse et érotisme
rare and delicate beauty
connu sous le nom d'orchidée papillon
pink orchids convey pure affection



penetrar o sangue e nele imprimir
uma orquídea de fogo e lágrimas

Carlos Drummond de Andrade
Amar se Aprende Amando,
1985

Friday, October 24, 2008

Wednesday, October 22, 2008


Com os meus amigos aprendi que o que dói às aves
Não é o serem atingidas, mas q
ue,
Uma vez atingidas,

O caçador não repare na sua queda


Daniel Faria



Chris Steele-Perkins
Durham, 2003

No Jo

Tuesday, October 21, 2008

2008, Ano da Bossa

A música é só música, eu sei. Não há
outros termos em que falar dela a não ser que
ela mesma seja menos que si mesma. Mas
o caso é que falar de música em tais termos
é como descrever um quadro em cores e formas e volumes, sem
mostrá-lo ou sem sequer havê-lo visto alguma vez.
Vejamo-lo, bem sei, calados, vendo. E se a música
for música, ouçamo-la e mais nada.

Quando, no fim,
aquele tema torna não é para encerrar
num círculo fechado uma odisseia em teclas,
mas para colocar-nos ante a lucidez
de que não há regresso após tanta invenção.
Nem a música, nem nós, somos os mesmos já.

Neste silêncio, que ficou, flutua?
O quê?
Nós?
Como tão pouco restaria?

Jorge de Sena

After Eighties

Monday, October 20, 2008

Vinicius dixit

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente





De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Saturday, October 18, 2008

até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza

Herberto Helder, claro
2008 vs. 1962

Wednesday, October 15, 2008

Eu vou :)


Há coisas fantásticas, não há?
10 de Novembro, na Casa da Música.
Sem Dani :(

Tribute to TruThoughts and to my B&W kitchen


Belleruche
Anything you want (not that)
Tru Thoughts 2008

Tuesday, October 14, 2008

Jazzanova fresquinhos fresquinhos

JAZZANOVA "Of All The Things" EPK 2008

Colores de Tenerife










Assim gela

Vendo que eu não men­tia ele falou:
as mu­lheres são complicadas. Homem é tão sin­gelo.
Eu sou sin­ge­lo. Fica singela também.
Respondi que que­ria ser singela e na mes­ma hora,
singela, singela, comecei a repetir sin­ge­la.
A pa­­la­vra des­tacou‑se novíssima
como as buganvílias do so­nho. Me atro­pe­lou.
[…]
Como nenhum de nós podia ir mais além,
so­lucei alto e fui cho­rando, chorando,
até ficar singela e dormir de no­vo.

Adélia Prado, Bagagem

zeugmas, gosto muito dos do machado

Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.

Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

zeugmas, gosto muito

Es­tou fazendo um vestido,
uma tarde linda e um cha­péu

Adélia Prado, Bagagem

herberto, o último

basta que te dispas até te doeres todo,
retoma-te no tocado, no aceso,
e fica cego e,
por memória do tacto, desfaz os nós,
muitos, muito
atados uns nos outros,
e que inteiramente te alcance o ar e,
depois de te haver abraçado de alto a baixo, apareça já
inextricável, ar
falado, a fino ouvido: cacofónico,
mas de um modo exacto, acho,
música inquieta, inconjunta, impura,
isso: essa música

Herberto Helder, A Faca Corta o Fogo, 2008

Teoria da Farmácia

É piroso sim senhora.
Mas esta semana é impossível cantarolar outra coisa.
E verdade seja dita: nada melhor para enfrentar dias cinzentos.

Pharmakon, chamavam-lhe os gregos... Entre o remédio e o veneno. A diferença está só na dose.
(bibl.: Jacques Derrida, «La Pharmacie de Platon», in La Dissémination, Paris, Seuil, 1972)

You can dance, you can jive, having the time of your life...

ABBA - Dancing Queen
Found at skreemr.com

Friday, October 3, 2008

The Show Must Go On...

I'll be playing this

Marlena Shaw - California Soul (Diplo/ Mad Decent Remix)
Found at skreemr.com

Marlena Shaw
California Soul
Diplo/Mad Decent Mix