Wednesday, May 28, 2008

Tuesday, May 27, 2008

As palavras não fazem o homem compreender,
é preciso fazer-se homem para entender as palavras.


Herberto Helder

Ed Mundo

E a pobre realidade
era uma cinza…: já nada me recordava
se, de entre ela, uma faúlha
não me queimasse os sentidos.


Edmundo de Bettencourt (1899-1973)

Wednesday, May 21, 2008

My Blueberry Nights is Cat Power




Cat Power - The Greatest


Found at skreemr.com

Por que gosto do Surrealismo? Porque sim.


















Cruzeiro
Seixas

Alma até Almada

Almada Negreiros, Namoro

Eu amo a Lua do lado que eu nunca vi.

Tonight my baby wears a Pollar

no espaço curvo nasce um crisantempo
Haroldo de Campos


KELLEY POLAR - CHRYSANTHEMUM

What's in a title? That which we call a garden
By any other title would sound as sweet:

Love Songs of the Hanging Gardens
, 2005
I Need You To Hold On While The Sky Is Falling
, 2008

Tuesday, May 20, 2008

A poesia, como toda a arte verdadeira,
é realista mesmo sem querer.

Óscar Lopes

Wednesday, May 14, 2008

Let me introduce you to...

Baby Charles
Baby Charles - I Bet You Look Good On The Dancefloor (Arctic Monkeys c
Found at skreemr.com


www.babycharles.co.uk
www.myspace.com/babycharlesband

Anamorfose de Arcimboldo


O poeta entra na frutaria pelo verso dentro,
dispõe diversas formas de fruto, entre
o círculo e o eclipse, a curva e a maçã.
Não enumera o poema todas as espécies
por instinto de preservação estética. O certo
é que o poeta vê que se ilumina um rosto
e o peito nu, brinco, anel, hermafrodita
imagem que se excita só. Muda na peça a postura,
e outro corpo noutras formas e funções
ardentemente se revela ardente em si.
Como aqui se vê.

Sai da frutaria, suca o contorno ao verso
e disfruta.

Luís Adriano Carlos
Livro de Receitas

O Problema do Gosto



















Não gostei.

Tuesday, May 13, 2008

eu gosto intensamente do amarelo,

talvez porque só ele, exacto, corresponde

a um pedaço de sol poisado no cabelo

Saúl Dias

Deixa-a, nua, pairando à flor das coisas

Odilon Redon
Ophelia, 1910

Ai deixa, deixa lá que a Poesia
no perfume das flores, no quebrar
das ondas pela praia,
na alegria
das crianças que riem sem porquê
– deixa-a lá que se exprima, a Poesia.

Fica sentado aí aonde estás, Poeta,
e não mexas os lábios nem os braços:
deixa-a viver em si;
não tentes segurá-la nos teus braços,
não pretendas vesti-la com palavras...

Se a queres ter,
se a queres sempre ver pairando à flor das coisas, fica aí
no teu cantinho, e nem respires, Poeta, e não te bulas,
pra que ela não dê por ti.

Não a faças fugir, toda assustada
com a tua presença...
Deixa-a, nua, pairando à flor das coisas,
que ela não sabe que a viste,
nem sabe que está nua,
nem sequer sabe que existe ...


À flor da vaga, o seu cabelo verde

John Everett Millais
Ophelia, 1852

- Quem esqueceu no quarto do bordel
a «Ofélia» de Millais,
adormecida-morta no lago verde-azul?

Vestida de noivar,
tem os cabelos soltos
e rosas sobre o peito...

As mãos poisam de leve,
como plantas de água...

Sereno,
o rosto oblongo
das filhas de Albion...

E toda beijada da folhagem...

- Quem esqueceu no quarto do bordel
a «Ofélia» de Millais?

Saúl Dias

Wednesday, May 7, 2008

Bridge Over Troubled Water

Night Time Stories Preview

THURSDAY, 11 P.M., @ TRINTAEUM


Monday, May 5, 2008

Julius Pincas

Jules Pascin (1885-1930)
Girl with a Doll

Nesse tempo
eu faltava às aulas.

A música do jazz
vibrava no café.

À noite,
o velho «High-Life»
era o tempo magnífico
onde Chaplin,
como o Deus da Sistina,
erguia o braço
condenando e perdoando...
(Desengonçado
o piano
acompanhava
com notas de Beethoven
«O Peregrino», «A quimera»...)

E numa tarde
em Paris
ajoelhei, em plena rua,
diante dum quadro de Pascin...

Nesse tempo
eu faltava às aulas.

Saúl Dias,
Gérmen, 1960