Wednesday, May 14, 2008

Anamorfose de Arcimboldo


O poeta entra na frutaria pelo verso dentro,
dispõe diversas formas de fruto, entre
o círculo e o eclipse, a curva e a maçã.
Não enumera o poema todas as espécies
por instinto de preservação estética. O certo
é que o poeta vê que se ilumina um rosto
e o peito nu, brinco, anel, hermafrodita
imagem que se excita só. Muda na peça a postura,
e outro corpo noutras formas e funções
ardentemente se revela ardente em si.
Como aqui se vê.

Sai da frutaria, suca o contorno ao verso
e disfruta.

Luís Adriano Carlos
Livro de Receitas

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