Monday, August 27, 2007

Um Puro Poeta,

assim o inesqueceu Jorge de Sena.

ALBERTO DE LACERDA
1928-2007

SOLIDÃO

Meu touro negro na praça vazia

TOURO E TOUREIRO

Diónisos negro em agonia
Em frente à graça rútila de Apolo

TOURO DE MORTE

Vorazmente
Passar do negro ao vermelho

TOURO II

Rocha ágil
Completamente negra

A única praia possível

É uma poça de sangue

Tauromagia
1962-1963

A MEIO DO CAMINHO

Fico entre o céu e a terra.
Choro só para dentro.
Sou como a árvore nua
qua ao alto os ramos indica:
ergue as asas, mas não voa,
tem raízes, mas não desce.

Cadernos de Poesia
Julho de 1951

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