As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos — digo,
As mulheres — ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.
É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos — no pescoço das mães — ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos
As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casaElas põem a mesa
Ao redor do coração.
Daniel Faria, Homens que São como Lugares Mal Situados
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