Poesia, te escrevia:
flor! conhecendo
que és fezes. (Fezes
como qualquer,
gerando cogumelos
raros, frágeis, cogumelos)
no úmido
calor de nossa boca
Delicado, escrevia:
flor! (Cogumelos
serão flor? Espécie
estranha, espécie
extinta de flor,
flor não de todo flor,
mas flor, bolha
aberta no maduro).
Delicado, evitava
o estrume do poema,
seu caule, seu ovário
suas intestinações.
Esperava as puras,
transparentes florações,
nascidas do ar, no ar,
como as brisas.
João Cabral de Melo Neto
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