Há um rio oculto de lágrimas correndo correndo entre mim e o mundo.
Nem sei qual de nós chora.
A versão sonora do filme não foi ainda revelada,
e os fantasmas fazem gestos como se falassem,
mas só chega até nós o silêncio.
Apago no vidro do relógio as lágrimas de ninguém,
e os ponteiros sorriem:
estão parados, e só as lágrimas caminham à volta do mundo.
Um rio de lágrimas dentro e fora do mundo,
um rio de lágrimas que não lava o sofrimento de ninguém,
e vai descendo contra a mão a calçada do tempo.
Adolfo Casais Monteiro
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