Tuesday, May 18, 2010

a arte erótica dos sábados

E ALL’ALBA MORIRÓ

A arte erótica dos sábados
Sentava-se ao café e esperava.
A cidade humedecida para lá dos vidros.

Quem colheria primeiro com os olhos
acres indecisos insistindo
no sinal assente: vamos os dois.
Para onde? O mar ao longe ouvia-se
trazido pela chuva, as luzes amarelas
cercavam as garrafas das vitrinas
na falsa segurança do anoitecer.

Súbito, sem o troco, já saía
a escora das horas que viriam,
caminhou para a porta giratória
aceitou abrigar-se ao guarda-chuva.

Trocaram nomes
podiam ser fingidos mas continham
uma designação da carne,
uma alegria cruzando-se no tráfico,
o prenúncio de mãos incertas
tirando o corpo do seu escuro.

Joaquim Manuel Magalhães

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