Monday, April 2, 2007

Dia Internacional do Livro Infantil

Nenhum livro para crianças deve ser escrito
para crianças.
Fernando Pessoa, «Naufrágio de Bartolomeu» (1913)


Um livro escrito para crianças tem de visar as crianças, naturalmente, mas aguen­tar-se numa
no­va leitura quando essas crianças forem adultos.
Vergílio Ferreira, Conta-Corrente (1989)


Manuel António Pina


Querias só histó­rias alegres, meu tolo? Tu não és, também, umas vezes alegre e outras vezes tris­te?
*****
Foi numa noite de Na­tal. Está­va­mos em Maio mas não fazia mal, tinha havido uma avaria no Calendário e naquele ano saiu tudo ao con­­trá­rio, o Natal em Maio, a Primavera em Novem­bro, o 1º de Abril em 22 de Setem­bro. […] Houve semanas de 5 dias, outras inteiras, uma em Julho teve 16 segundas-feiras! Até houve a Semana dos 9 Dias.
*****
Que bom é pensar em outras coisas
e olhar as coisas de outra posição
As coisas sérias que cómicas são
com o céu para baixo e para cima o chão.

Tanta coisa certa está errada
Tanta coisa direita do invés
Que vontade de andar à cabeçada
Que vontade de pensar aos pontapés.
*****
Explicou-me que as pessoas e os objectos são seres frágeis. Quando o Sol nasce, a luz pega neles e leva-os com ela para o seu feio mundo de paredes e de chãos, onde tudo vive e existe distinto e separado de tudo e onde as coisas não são outras coisas. Uma flor, por exemplo é uma flor, e não é um pássaro, ou uma voz, nem um rio é outro rio, como no mundo das sombras e dos sonhos em que todas as coisas são todas coisas – disse-me a sombra – e tudo o que quiserem ser e não ser.
*****
Ao menino, como a toda a gente que tem defeitos de pronúncia, entaramelava-se-lhe a língua; este menino tinha sorte porque, como as letras do defeito dele eram o e o quê, a língua encara­me­la­va­-se-lhe e o menino gostava muito.


*****
Eu não escrevo para provar nada;
nem para ensi­nar nada,
muito menos às crianças.

Pina dixit

7 comments:

niño said...


The English Roses


Plot Summary:
With a whirling dervish of a teacher and a sprinkle of magic fairy dust, the English Roses learn valuable lessons about friendship and surviving their first crush. Readers of all ages will delight in this much-awaited sequel to Madonna's first children's book, The English Roses


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Niño e Pipinha

Aquele abraço

:)

niño said...

Poesia para Crianças:


Olavo Bilac
As Velhas Árvores




Olha estas velhas árvores, — mais belas,

Do que as árvores mais moças, mais amigas,

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas . . .



O homem, a fera e o inseto à sombra delas

Vivem livres de fomes e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E alegria das aves tagarelas . . .



Não choremos jamais a mocidade!

Envelheçamos rindo! envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem,



Na glória da alegria e da bondade

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!





*******************************

O sol
João de Deus Souto Filho


Tenho um Sol só meu
Feito de sonho e magia,
De cor amarela
E jeito engraçado :
- Quando é dia
Ele sorri e me espia.
- Quando é noite
Ele dorme e se esfria.


(recolhido do livro “Na Ponta Da Pena”)




Beijinho.

niño said...

Last but not Least:

DISLEXIA

niño said...

O menino que tem dificuldades segundo a autora com o tê e o quê, talvez tenha um cérebro mais masculino, menos feminino.

O Lobo Antunes (neurocirurgião), irmão do escritor que a autora certamente conhecerá e já investigou explica muito bem este fenómeno. É tudo uma questão de interesse e espécie de cérebro.

;)

Joana Blu said...

Lá pq a Madonna escreve livros para crianças, espero q os niños agora n pensem q este Olavo Bilac é o vocalista dos Santos e Pecadores... T.P.C.: consultar uma História da Literatura Brasileira. E dp ler «Os Sapos», de Manuel Bandeira:

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!"-"Foi!"-"Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!"-"Foi!"- "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
-"Sei!"-"Não sabe!"-"Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Teresa Frias said...

Se o grande interesse do comment 'The English Roses' é a genialidade da Madonna ter escrito um livro para crianças, sim, achamos que o Olavo Bilac é o vocalista dos Santos e Pecadores.

Beijos Mana

niño said...

T.P.C. feito.

A História da Literatura Brasileira
é fascinante.

Nunca Estás Só
Santos & Pecadores
Composição: Indisponível

Se entrares no jogo a perder
Não vás abaixo sem dar luta

Tens que fintar
A própria bola
Tens que suar
A camisola

Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só

Ouve a bancada
Da tua mente
Tens os amigos
Toda a gente

Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só

Se o desafio
Está perdido
Não te dês logo
Por vencido

Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só
Oh, oh, oh, tu nunca estás só

Há sempre um anjo de sorte
Que não te deixa cair



Beijinhos.