Thursday, April 12, 2007

POLPA

Digo: polpa da tua mão.
Digo da dificuldade de descascar os dias
que se enroscam enovelados à luz de uma árvore.
Digo-te que a profundidade está à superfície,
que tudo penetra no silêncio da transparência a boiar.
Digo que a noite é um êxtase da fala,
uma corda de horas a derreter palavras.
Digo: polpa da água.
Digo-te como se prendem sílabas com a corrente
dos mares e como arfam aflitas dentro de uma vaga.
Digo: polpa da tua fala.

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