Um corpo que se adensa, rastejando.
Uma espiral de luz, vitrais de violinos
a latejar mais e mais o medo.
Notas e sons assim, encharcados
de tanto nadarem na calma da morte.
Sangue na ponta dos dedos,
na ponta da língua — o fel,
Cordas que adejam à mais leve brisa.
Tudo lancinante, profundo, letal,
a morte, a dor, a morte,
O amor.
Um manto de amantes
trespassados pela vida.
Um corpo que rasteja, adensando-se
na sede de roçar por algo
que faça parte do seu negar-se.
Um rastejo, um réptil
desejo de entregar-se de si a si,
um pasmo lânguido — sereno grito
no calar-se assim, de não ter dito nada.
Duas vozes fundidas no prazer e na morte
cantam uma contra a outra.
Dois gritos, sem cor, luz ou som.
Infante modo de falar sem saber
que o silêncio é a pior forma
de dar à luz a escuridão.
No ventre do violino
as cordas tocam -
- em carne viva.
2 comments:
uma melodia eterna, que nunca deixa de me arrepiar! Como sempre, uma excelente escolha, Jo!!
é mesmo por causa desse arrepio. arte sem calafrio não é arte :)
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